O Cônsul-Geral da República de Angola no Mongu, Gualdino Cangombe, deslocou-se, no dia 09 de Abril, ao distrito de Kalabo, província Ocidental da República da Zâmbia, no âmbito de uma actividade destinada à regularização documental dos cidadãos angolanos naquela província.
Nesta perspectiva, Kalabo foi o primeiro distrito a ser abrangido pela actividade de registo consular e notarial deste ano.
À sua chegada ao distrito de Kalabo, o diplomata angolano foi recebido pelo Administrador Distrital de Kalabo, com quem manteve um encontro de cortesia, no qual as duas entidades debruçaram-se sobre os objectivos desta visita de trabalho, centrada no reforço da proximidade entre o Consulado e a comunidade angolana.
O Consulado-Geral de Angola no Mongu tem envidado esforços no sentido de assegurar a documentação de todos os cidadãos nacionais que se encontram na província Ocidental da Zâmbia.
Durante o encontro com a comunidade, o Cônsul-Geral reconheceu as dificuldades enfrentadas pelos angolanos residentes em Kalabo e reafirmou o compromisso da missão diplomática em prestar apoio contínuo.
Incentivou todos os membros da comunidade a regularizarem a sua situação documental, tendo referido a importância do registo consular e da obtenção dos documentos de identificação.
Estima-se que residam cerca de 17.000 cidadãos angolanos na província Ocidental, dos quais aproximadamente 13.000 se encontram devidamente registados.
A presente iniciativa visa registar pelo menos mais 2.000 angolanos até ao final do ano.
Para o efeito, uma equipa do Consulado permanecerá durante quatro (4) dias no distrito de Kalabo, onde prestará, de forma gratuita, serviços consulares diversos, nomeadamente a entrega de documentos provenientes de Luanda, recolha de dados e impressões digitais para a emissão do bilhete de identidade, bem como o tratamento de passaportes, assentos de nascimento e cartões consulares, em simultâneo.
Esta acção responde à dificuldade de deslocação da comunidade até à cidade de Mongu, onde está localizado a sede do Consulado angolano.
O Cônsul-Geral aproveitou ainda a ocasião para interagir directamente com os membros da comunidade, onde ouviu atentamente as suas preocupações e recolheu sugestões e iniciativas.
Recordou que a última missão consular no distrito de Kalabo teve lugar em 2023, ocasião em que foram identificadas acções comunitárias voltadas para a produção agrícola.
No decurso da visita, o diplomata procedeu à entrega de diversos bens à comunidade, dentre os quais, vestuários, alimentos e sementes agrícolas, como forma de incentivo à producção local.
A iniciativa foi apresentada como uma manifestação do apoio e solidariedade do Governo angolano à sua diáspora, sob a liderança de Sua Excelência João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente da República de Angola, que tem priorizado a assistência às comunidades angolanas no exterior, sobretudo às mais vulneráveis.
Estiveram presentes no acto o líder da comunidade angolana na província Ocidental da Zâmbia, Paulo Mandandi, o líder comunitário em Kalabo, Augusto Mahamba, membros do corpo diplomático junto do Consulado-Geral de Angola no Mongu, bem como representantes da comunidade angolana no distrito.
Kalabo é uma pequena cidade localizada na parte ocidental da Zâmbia, na Província Ocidental, próxima à fronteira com Angola.
É a sede do distrito de Kalabo e encontra-se situada nas margens do rio Zambeze, dentro da vasta planície alagável de Barotse (Barotse Floodplain), uma das maiores e mais emblemáticas zonas húmidas da África Austral.
A comunidade angolana em Kalabo, na Zâmbia, tem raízes profundas, principalmente devido aos fluxos migratórios resultantes da Guerra de Libertação (1961-1975) e da Guerra Civil (1975-2002) em Angola.
Durante este período, muitos angolanos buscaram refúgio em regiões fronteiriças da Zâmbia, incluindo Kalabo.
Por exemplo, entre Outubro e Dezembro de 1999, cerca de 22.000 angolanos fugiram da província do Moxico para a Zâmbia; aproximadamente 5.000 chegaram ao centro de recepção em Kalabo.
A presença desses refugiados levou à criação de centros de recepção e campos de refugiados na região.
Com o fim da guerra civil angolana, muitos refugiados optaram por permanecer na Zâmbia.
Em resposta, o governo zambiano, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), implementou programas de integração local para cerca de 10.000 ex-refugiados angolanos que viveram no país por mais de quatro décadas.
A proximidade de Kalabo com a fronteira angolana facilitou o comércio transfronteiriço e a interação cultural entre as comunidades.
Projectos de infraestrutura, como a construcção da estrada Kalabo-Sikongo até a fronteira com Angola, visam fortalecer essas conexões e promover o desenvolvimento económico regional.